sexta-feira, 30 de julho de 2010

Apenas mais um sonho? [Parte final]

Duda olhou assustada para a luminária jogada no chão e, rapidamente, virou-se em direção a janela, procurando ver quem, ou o que, era o desconhecido que estava sussurrando seu nome. Como sua luminária foi danificada com a queda, a única fonte de luz no seu quarto era a luz do luar entrando pela janela, ou então ela iria até ao lado de sua porta, para acionar a lâmpada principal, mas o medo a impedia. Assim, a garota não via nada além de uma sombra, uma sombra masculina, de fato.
- Quem está ai? – foi tudo o que conseguiu pronunciar.
- Sei que você se lembra de mim, passei muito tempo junto de você, venho lhe visitando com mais frequência nessas últimas semanas, para lhe dar um recado. Não sei como pode não me reconhecer.
O homem, enfim, saiu das sombras, assim Duda pode ver seu rosto. A garota assustou-se ao perceber que o homem era mesmo familiar. Tinha traços finos, uma estatura média, a pele tão pálida quanto à dela e esbanjava jovialidade. Percebendo a ausência do próprio medo, ela levantou-se calmamente e seguiu em direção ao rapaz, sem desviar o olhar, nem por um segundo, podendo penetrar nos olhos negros e profundos do “nem tão desconhecido”. Estando a meio metro de distância, Eduarda estendeu a mão na direção ao rosto do rapaz, que se manteve imóvel, até que ela conseguisse tocar-lhe a bochecha. Era como se ela esperasse que a qualquer momento ele pudesse virar fumaça.
Vendo que ele era real, não pode esconder seu deslumbramento e a curiosidade de saber qual era sua mensagem, estava quase a enlouquecendo. Mas sua felicidade durou pouco, pois logo a voz de sua mãe lhe invadiu o pensamento.
- Eduarda acorda! Eu sei que é sábado querida, mas já está tarde e é seu aniversário! Parabéns!
De repente a imagem do belo garoto a sua frente desapareceu, dando lugar à figura de sua mãe, que lhe balançava com vigor, aparentemente tentando lhe acordar.
- Mãe, pode parar, já acordei – disse a garota, ainda meio sonolenta, com os olhos entreabertos, incomodados com da luz da manhã. Mais uma vez, tudo não passara de um sonho.
Quando escovava os dentes, Duda se lembrara do sonho perturbador que teve. Não conseguia esquecer o tal rapaz e do recado que ele trazia. A menina queria acreditar que tudo havia sido real.
Já conformada com a ideia de que a noite passada foi mera imaginação, Duda voltou para seu quarto, antes de ir tomar o café da manhã, mas tinha algo estranho, sua luminária estava em pedaços ao lado da cama. Teria tudo sido apenas um sonho, ou iria começar tudo outra vez.