As coisas nem sempre acontecem na hora em que queremos ou como queremos. Por muito tempo, pensei que sabia o que queria, que outras coisas não bastariam, a não ser as quais tinha projetado para a vida. Não há como negar que sempre queremos mais, ou desejamos eventos, mas no fundo não esperamos que eles irão acontecer realmente.
Quando temos objetivos, procuramos nos focar neles, mas dessa maneira acabamos deletando, equivocadamente, outras possibilidades [possivelmente, até melhores] que dariam um novo rumo para nossas realizações. Se é difícil alcançar um objetivo? Sim, mas simplesmente desistir dele é muito mais [pelo menos para mim, pois quando se começa algo, deve ser terminado]. Deixar algo pelo qual lutei, algo que levou consigo parte do meu tempo, um tempo que não há como recuperar, sentir que não fui forte o bastante, persistente o bastante, que não fiz nada o bastante...
Mas às vezes o inesperado acontece, e ainda melhor, quando você não faz nada para que ele se torne real. Você coloca de lado um sentimento ruim, de um sonho frustrado, tenta o esquecer, pois trouxe uma alegria tão grande em poder realizá-lo, que quando o perde, o sofrimento é ainda maior, apagando toda a euforia. A magia se perde. É neste instante que o inesperado acontece. Ele vem de um jeito inovador e silencioso, deixando a surpresa tomar conta do momento e colocando, mais uma vez, o sorriso na face, de quem achou que nunca aconteceria.
Dois mil e dez tem sido um ano de muitas surpresas. Pode ser um pensamento equivoco e prematuro, mas no momento em que eu fechei a porta, para não deixar mais ilusões [e, por conseguinte, as decepções] entrarem, me esqueci que a janela estava aberta, e por ela passaram os raios da luz do dia. Sem que eu percebesse, eles encheram o ambiente, iluminando a pintura exposta na parede: linda, admirada, intocada e esquecida, que agora poderia ser dada não mais como um sonho exposto para o escuro, mas como uma realização visível e possível de ser tocada. E sinceramente, espero que continue assim.
