segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Apenas mais um sonho? [Início]

         Duda acordou assustada naquela manhã, não entendendo nada, mas logo percebeu que tudo na noite passada não passara de um sonho, um sonho terrível na verdade, um pesadelo. Apesar de sua pele ser branca – até mais do que ela gostaria - Duda estava pálida e suando, mas estava chovendo e muito frio, pois ainda era inverno, o inverno mais frio dos últimos cinco anos, o que não explicava o suor.
          Olhou para o relógio que marcava seis da manhã, saiu da cama tentando não se lembrar do sonho, que estava a perturbando. Tudo parecia normal, era um dia normal. Foi até o banheiro, como fazia todas as manhãs, escovou seus dentes, se olhou no espelho, e não viu nada além de uma menina pálida e solitária, com uma marca de nascença bem incomum, sob a sobrancelha direita. Desceu as escadas devagar. Estava tudo estranhamente quieto aquela manhã. Quando chegou à cozinha, seus pais lhe receberam com um sorriso, mas a garota não compreendeu seu significado. Foi quando ela percebeu, aquele dia poderia ser tudo, menos normal.
          Seus pais não trocavam uma palavra com mais de uma sílaba já havia mais de duas semanas, e agora estavam sentados ao redor de uma mesa compartilhando o café da manhã. Duda tentou retribuir o sorriso, vendo que os dois estavam realmente se esforçando para permanecerem juntos ali – e ela ainda não sabia qual a ocasião - mas logo viu que sua tentativa não foi animadora:
         - Duda você está com alguma dor? – Sua mãe havia decifrado seu quase sorriso em uma careta. Ótimo.
         - Não mãe eu estou bem... – Me sentindo estranha e confusa, mas bem. Ela acrescentou para si mesma.
          Duda se sentou a mesa, se serviu de suco de laranja e pegou um pedaço relativamente bom de pão, como todas as manhãs. Seu pai vendo a indiferença da filha, perguntou:
          - Querida, não se lembra que dia é hoje? – Dia? Hoje? O que ele queria dizer com aquelas palavras. Ela não poderia ter esquecido de algo muito importante. Talvez o dia de levar a sua gata ao veterinário, ou algo do tipo.
          - Não papai, tenho que levar a Aimê ao veterinário?
        - Filha, hoje é seu 17° aniversário! – O que explicava a luta de seus pais no “café da manhã em família”, mas não poderia ser! Como? A pouco ainda faltavam meses, e agora a data já havia chegado. Ela sempre amava festas de aniversário. Afinal, que adolescente normal não gosta de fazer aniversário? Mas este ano era diferente. Algo estava diferente. Tudo parecia estranhamente normal, mas de algum modo, diferente.
         - Ah! – Foi tudo o que conseguiu dizer, pois sua mão começou a tremer, um vento forte soprou pela janela que a fez sentir um arrepio. Em um minuto, a cena de seus pais sentados a mesa, havia mudado, estava tudo tão escuro. Eles não estavam mais ali, aquela, se quer, era a cozinha se sua casa...


Continua...[?]